No Lugar dos Prazeres recorro à transposição para o espaço da galeria, da envolvência e atmosfera do lugar.
Trata-se de um projeto expositivo que reflete aqueles que são os meus interesses no exercício da pintura: uma insistente e constante procura pela apropriação de espaços, lugares e objetos, aliada a uma apelante tendência para a narratividade, aqui insinuada apenas.
Fala do encantamento do lugar e do fascínio que exercem em mim certas volumetrias arquitetónicas, reencontradas por detrás do nevoeiro.
São casas fechadas, abandonadas ou não, aquelas que por revisitação aparecem sob vários ângulos e com recurso a diferentes planos e formatos. Outras surgem enoveladas por sebes de buxo ou guarnecidas por viaturas toldadas.
Peluches desbotados, com o coração nas mãos, feitos sentar em sofás de arbusto desafiam o tempo. Confiantes, convivem com poços de águas límpidas a descoberto. Lagos lodosos onde delicados gansos esvoaçam. Mesmo ao lado, tanques liliputianos esbarram com bancos de pedra vazios e intemporais. Apontamentos de água e vegetação. Casas, árvores silenciosas e céus pardos. Tudo em suspensão.
Filipa Venâncio
